Desafio de Cristal – Parte 1 – Cristaluna – 18/04/2015

Sim, é um desafio. Previsto, mapeado e proposto há onze meses. Como sempre, foi difícil encontrar quem o encarasse. Fui tentando, mês a mês, até que surgiu a oportunidade de fazê-lo, como um treino para a segunda fase de minha viagem para Aparecida (Canastra).

A ideia era partir de Brasília, fazer o Caminho de São Bartolomeu e percorrer estradas rurais no município de Cristalina, conhecendo as belezas da região.

Veja aqui o desafio completo: http://www.gpsies.com/map.do?fileId=wztynakjdcqolfbv&authkey=6A293AE2E05D4C7A199E76C4D241F76ADDDBBB33F8810A68

Antônio Pedro e Cristóvão toparam o desafio. Abri inscrições no grupo, mas ninguém, além de nós três, aderiu. Daí, abri a opção de fazer apenas o primeiro dia, e assim, muitas pessoas se inscreveram. A van que eu aluguei, pro retorno do rancho, lotou com 14 pessoas. O Charles, dono da van, conseguiu outra, e mais 6 pessoas entraram.

Na antevéspera, um desistente. Foi uma correria pra encontrar outro ciclista. Eldenice topou e resolveu acompanhar o marido. Seu irmão, tio Kin, também resolveu ir, mas voltaria de ônibus pois não tinha mais vaga nas vans.

No dia 17, arrumei minhas coisas no alforje e testei na bike. Tudo certo.

Brasília, 18 de abril de 2015

https://www.strava.com/activities/289348380

Às 5h30 da manhã, Antônio Pedro chegou em minha casa. Colocamos a minha bike no carro, alforjes no porta-malas, e partimos pra Catedral. Fomos os primeiros a chegar lá. Desembarcamos as bikes e comecei a montagem. Desta vez foi bem mais fácil do que na minha última viagem de bike, quando emprestei um alforje do Sid que tinha que amarrar várias fitas para garantir que não caísse.

Logo o povo foi chegando. Tenho orgulho em dizer que o Pedáguas é um grupo pontual. Às 6h30, horário marcado para o início do pedal, dei os avisos finais: ritmo, paradas, Sílvio Sá na cozinha. Dezenove ciclistas pelo Caminho de São Bartolomeu. Charles, que também iria pedalando, estourou o aro da bicicleta (isso mesmo, o aro!) ao encher o pneu e teve que desistir.

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Pedimos proteção a Deus e partimos pedalando pela Esplanada dos Ministérios. Me veio à cabeça a cena de um ano atrás, quando eu, Sid, Alexandre e Renato partimos para a primeira fase de minha viagem para Aparecida (Brasília – Araxá) pelo mesmo caminho. Passamos pelo Congresso Nacional, contornamos a Praça dos Três Poderes e passamos em frente ao Palácio do Planalto. Alguns quilômetros depois, o último monumento de nosso tour cívico, a ponte JK, com seus três arcos inspirados no quicar de uma pedra jogada sobre a superfície da água. Depois dela, o primeiro desafio do dia: a subida dos condomínios, a famosa 8%. Mesmo com todo o peso de nossos alforjes, deixamos alguns ciclistas pra trás. Eu já tinha esquecido como é difícil pedalar com o alforje. Pesa muito.

Na subida, Charles chegou pra nos acompanhar com a van. Tio Kin aproveitou a situação, e além de ganhar a vaga na van, ganhou também toda a comida que o Charles levava.

Lá no alto, a turma reagrupou. Eu passei e fui à frente. No Jardim Botânico, Rogério e Dario passaram por nós como um tiro. Só os vimos novamente no rancho. Nossa primeira parada foi na padaria Seleta, com 30 kms rodados, onde comprei Gatorades para hidratação durante o dia. A turma entrou forte nos lanches e salgados.

Dali até o Jardim ABC é praticamente uma descida só. Eu esperava passar pelo ABC com o pelotão todo agrupado, mas como estava atrás, a turma dispersou. Eu encontrei o Sílvio na entrada da cidade e aguardei os retardatários para a atravessar. Este bairro, que cresceu na divisa do DF com Goiás, foi usado como cenário para o filme Faroeste Caboclo. Cruzamos o ABC e reencontramos a turma na entrada da estrada de terra. O Gilson, que estava na frente com o Antônio Pedro, não percebeu que ele entrou nesta estrada e passou reto. Quando se deu conta, estava longe. Voltou. Por sorte, uma bike furou o pneu e ele conseguiu alcançar o grupo.

Este trecho de terra, que começa no ABC, tem belas paisagens. Vales, florestas de eucalipto e seringueiras. Segue pelas fazendas até chegar no ribeirão Mesquita, onde adentra na mata ciliar. É um trecho agradável da estrada, sombreado, longe do calor do Sol. Poucos quilômetros depois chegamos no bar de nossa parada para o almoço. Era 11h da manhã quando cheguei ali. Um grupo já se preparava para sair e nos deixou uma Coca-Cola paga (Valeu Sérgio!). Enquanto eu comia meu atum com pão, o resto do grupo foi chegando e o A.Pedro ficou tentando arrumar o seu alforje, que estava pegando no pneu. Ficamos um bom tempo ali. Partimos por volta do meio-dia, quando tio Kin chegou.

A saída do bar é um desafio. Pelo asfalto da GO-010 cruzamos o São Bartolomeu. Depois de subir um pouco, A.Pedro já parou novamente. Foi aí que percebi que tinha esquecido meu camelbak no bar. Voltei voando. Ufa! Estava lá. Peguei e voltei. Continuamos a subida dura pra sair da calha do São Bartolomeu. A partir da ponte, a trilha segue pela esquerda do rio.

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Lá no alto, voltamos pra trilha. Hora de entrar em grandes florestas de eucalipto, o que dá um alívio para o calor. Descemos até o fundo do vale onde há duas pontes sobre o mesmo riacho, e começamos a subir pras florestas. Mas desta vez, infelizmente, a subida foi no sol. Os eucaliptos foram colhidos. Foi nesta subida que percebi que meu câmbio dianteiro estava enroscando. O cabo enroscou numa peça da suspensão e dobrou, provavelmente quebrando dentro da capa. Agora, toda troca era tensa. No final, paramos numa árvore antes de enfrentar a última subida difícil do dia. É uma subida curta, mas forte, que nos leva ao vale do rio Pamplona. Depois dela, muitos planos, lavouras e tobogãs pelo caminho.

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Entramos nas lavouras. Desta vez, milharais cercavam a estrada. O A.Pedro já estava cansado e queria relaxar um pouco. Assim, depois de passar pelo açude dos buritis, que fica ao lado da estrada, paramos sob uma boa sombra e deitamos pra descansar.

Faltava pouco. Mais alguns tobogãs e começamos a descer rumo ao Pamplona. Numa placa indicando “Fazenda Pamplona” entramos à esquerda. Aí sim, só descida até chegar na mata ciliar. O maior desafio do dia, para alguns, é a travessia da pinguela pra atravessar o rio. Desmontamos os alforjes e passamos sem problemas. A pinguela estava mais complicada desta vez. Parece ter cedido um pouco, e as laterais ficaram mais íngremes.

CALÇA CAGADA

Calça do sujeito depois que desistiu de atravessar a pinguela

Depois, soube que teve gente que empacou no meio, tendo que voltar e pedalar mais cinco quilômetros para passar por uma ponte mais sólida. Disseram que até a cor do rio ficou mais barrenta depois que o sujeito se borrou ali.

Depois da travessia, fui empurrando a bike até o rancho. A turma já tinha almoçado e descansava no local onde são servidas as refeições. Nós descansamos um pouco e aguardamos o banheiro ser liberado. Enquanto eu tomava banho, a chuva chegou, pesada, fazendo muito barulho nas telhas de amianto da casa. Me acendeu a luz de alerta: a cozinha ainda estava na trilha. Quando saí do banheiro a chuva estava bem fraca. O pior já tinha passado. Fomos ao almoço. Pra evitar me molhar, usei minha capa de chuva do Mickey. Qual o problema nisso? Não sei, mas a galera achou engraçado.

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O almoço, como sempre simples e caprichado, preparado pela D.Maria, estava ótimo. Destaque para a deliciosa limonada e pra galinha caipira. Seu Sebastião aproveitou a oportunidade pra vender os seus queijos. Vendeu todos.

Enquanto eu almoçava, a cozinha chegou. Estavam ensopados. Com a ponte molhada e enlameada, levaram muito tempo pra conseguir atravessá-la. Gilson teve que passar a bike de todos, pois estavam com medo de cair no rio. Ao ver o tio Kin chegar o caseiro da chácara comentou: “Se a ponte não caiu com esse homem, não cai mais não!”

11171822_10155507423170331_881425009_oAssim, com a turma toda reunida, a preocupação acabou, e todos pudemos relaxar ouvindo as histórias do dia e comendo o redondo do Dario (o queijo).

Finda a comilança, as vans partiram enquanto nós, os desafiadores restantes (Evandro, A.Pedro e Cristóvão), ficamos jogando conversa fora até a hora de dormir.

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