Brasília, 18 de setembro de 2020.
Nem tudo que a pandemia de Covid-19 causou foi ruim. Até mesmo de um cenário catastrófico como o que vivemos atualmente é possível extrair algo positivo. Ficamos um longo tempo em casa, sem poder sair, e pudemos pensar muito sobre a vida. Você tentou identificar as coisas boas que lhe aconteceram nesse período?
Durante os primeiros dias de quarentena, ficou muito claro para mim que nós, humanos, somos seres interdependentes. Cada pessoa viva exerce influência sobre as outras através de seus atos, de seus gastos, de seu estilo de vida. Nossos hábitos influenciam o mundo todo, seja para o bem, seja para o mal. Enfim, estamos todos conectados numa grande rede de relações mútuas, e não estou falando da Internet.
Analisando as alterações em meu trabalho, a grande novidade trazida pela pandemia foi o tão falado “home office”, que em português chamamos de “trabalho remoto” ou “trabalho à distância”. De um dia para o outro, fomos obrigado a trabalhar em casa e o home office tornou-se o novo normal. Estávamos ensaiando essa migração há anos. Projetos, cronogramas, tecnologias prontas mas o home office não deslanchava. Daí veio o coronavírus e em questão de dias estávamos todos trabalhando em casa, e produzindo mais e melhor! Quem diria!
Dentro de minha casa, o fator positivo causado pela pandemia foi que minha esposa começou a pedalar. 😍 São vinte e dois anos de convívio, dezessete deles casados, até que veio o confinamento. A sensação de estar presa em casa provocou em Leidiane uma forte vontade de sair, de ver o mundo, de desestressar. Assim, finalmente juntou-se a mim e incluímos o ciclismo entre as atividades que fazemos juntos. Ela gostou. 😁
Marquei nossa primeira viagem ciclística para conhecermos Cristalina, cidade goiana a cerca de 130 quilômetros de Brasília. Ainda não é um cicloviagem, mas chegaremos lá. Viajamos na sexta-feira. Saímos de casa no final da tarde e seguimos de carro. Pelo caminho, testemunhamos cenas tristes mas que em agosto e setembro são muito comuns em todos os cantos do Brasil: queimadas.
O problema das queimadas é muito grande. Pensando globalmente, somos 8 bilhões de vetores incendiários espalhados pelo mundo. A atividade humana, por ser tão diferente do ambiente natural, causa incêndios rotineiramente: nós cozinhamos, fumamos, geramos calor quando circulamos (carro, ônibus, etc), nossos objetos podem provocar incêndios quando expostos ao sol (garrafas, latas). Isso sem falar nos piromaníacos, que causam incêndios propositalmente. O Brasil tem mais de 210 milhões de habitantes, sendo que 17 milhões vivem na região Norte, onde 25% da população (4,25 milhões de pessoas) vive fora de cidades, próximas a áreas florestais. Como o Ibama poderia fiscalizar quase 4 milhões de quilômetros quadrados (tamanho de Argentina, Colômbia e Cuba somados) com tanta gente provocando incêndios se tem apenas 3 mil servidores? E esses 3 mil servidores estão espalhados pelo país todo. É impossível! Só com educação da população e políticas públicas efetivas poderíamos remediar essa situação.
Temos também o aquecimento global para piorar o quadro. É uma realidade que sentimos na pele. Temperaturas maiores levam a mais seca, mais seca leva a mais incêndios e assim entramos num ciclo que nos levará à extinção, não vejo outro caminho, infelizmente. O ano de 2020 foi especialmente cruel em termos de queimadas no mundo todo: Austrália, Califórnia; e no Brasil: Cerrado, Pantanal, Amazônia. Amigo, o Brasil inteiro queima em agosto e setembro. Para mim, um amante da natureza, o auge da seca no hemisfério sul é a pior época do ano. Basta ligar a televisão para ser bombardeado por notícias de queimadas e incêndios. Eu até evito assistir muito aos telejornais pois fico muito chateado.
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Em cerca de duas horas de viagem chegamos a Cristalina. Pegamos muito trânsito na saída do DF e no Entorno. Hospedamo-nos no bom Hotel Catavento, na margem da BR-040. Deixamos as bikes e malas no quarto e fomos jantar no Restaurante Rodeio, no centro da cidade.
Cristalina, 19 de setembro de 2020.
https://www.strava.com/activities/4083204446
– Olha, filho, tá vendo essa garrafa plástica? Fui eu que joguei ela aí há 20 anos. Gostou da surpresa? É a herança que eu te deixo.
– Obrigado, pai. Pena que agora tem tanto lixo aqui que nem podemos mais tomar banho na cachoeira.
Enquanto tomávamos o café da manhã do hotel, percebi que havia pessoas uniformizadas. Pensei que eram funcionários da Via 040, a concessionária da rodovia. Mas enquanto comíamos, uma das pessoas uniformizadas reconheceu minha esposa e veio falar conosco. Na verdade, eram funcionários da empresa Fluid, que administra o empreendimento turístico Adventure Park localizado na Serra dos Cristais, por onde iríamos passar. Jéssica, promotora de vendas da empresa, foi quem nos abordou. Ela mora no mesmo condomínio que eu, em Águas Claras. Explicou-nos, então, como funciona o empreendimento e que talvez não conseguíssemos visitar a Pedra Chapéu de Sol, nosso primeiro destino. Fiquei preocupado, mas mantive o planejamento.
Enfim, de café tomado, terminamos de nos preparar, pegamos as bicicletas, abastecemos nossos reservatórios de água no bebedouro do posto de gasolina ao lado do hotel e partimos.
A estrada que segue para a Serra dos Cristais começa na BR-040, logo depois do Posto JK. Percebemos logo que o caminho não seria muito fácil. Durante a seca, em algumas estradas de chão surgem as corrugações, as famigeradas “costelas de vaca”. Seguimos chacoalhando pelas estradas da Serra dos Cristais.
Serra dos Cristais
A Serra dos Cristais, é o berço de Cristalina. Relatos históricos afirmam que, em 1592, Sebastião Marinho levou ao Rio de Janeiro amostras de cristais de rocha oriundas de uma grande serra do interior do Brasil.
No final do século XVIII, bandeirantes redescobriram a tal serra, onde encontraram grande quantidade de cristais de rocha espalhados pelo chão, de vários tipos e tamanhos. Devido ao fato, nomearam o local como Serra dos Cristais. Apesar da descoberta, apenas no final século XIX é que o cristal passou a ser explorado comercialmente e levou ao surgimento do arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais.
No começo do século XX, o arraial foi transformado em distrito de Santa Luzia (atual Luziânia) com o nome de São Sebastião dos Cristais, depois passou à categoria de vila e município em 1917. Em 1918, o nome do município foi mudado para Cristalina.
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Não demorou para chegarmos ao portal do Vale dos Cristais, onde fica o Adventure Park. Mas nós não entramos. Nosso caminho era outro, pela chamada Rota dos Ciclistas.
Continuamos pela estrada até encontrar placas indicando o Parque das Pedras e a Pedra Chapéu de Sol. Apesar das placas, havia duas cercas impedindo o acesso de automóveis, mas muitos rastros de bicicleta do lado de dentro. Pulamos as cercas e continuamos até chegar à Pedra Chapéu de Sol.
O Parque da Pedras faz parte da reserva legal da Fazenda Sucupira. Nele está a pedra Chapéu de Sol, eleita, em 2012, uma das 7 maravilhas do Estado de Goiás. A pedra é um enorme bloco de quartzito de aproximadamente 100 toneladas, equilibrada há milhões de anos, sobre uma base de pouco mais de um metro quadrado.

Quando chegamos, olhei para esquerda e percebi que havia uma pequena cabana. Pensei comigo: “Deve ter alguém aí.” Nem tinha tirado a primeira foto e José Ernani saiu de dentro da cabana. Ele é o Guardião da Pedra do Sol.
Apesar de chegarmos de surpresa, Ernani recebeu-nos muito bem. Fez seu trabalho com muita simpatia. Fotografou-nos, contou sua história, a história da pedra. Muito bom! Parabéns, Ernani.
Ele foi contratado em 2015 pelo dono da Fazenda Sucupira, Eduardo “Duda” Fernandes, para cuidar da pedra devido a várias tentativas de vandalismo promovidas no local. Bombas caseiras, morteiros, dinamite e até um macaco hidráulico foram usados para tentar derrubar a pedra, isso sem falar nas pichações que por pouco não eliminaram as pinturas rupestres existentes. Amigo, desculpe o pessimismo, mas a humanidade não tem futuro! O que me dá certo alento são atitudes como a de Eduardo Fernandes, que investe para preservar o patrimônio natural.
Terminada a visita à Pedra Chapéu de Sol, seguimos nosso caminho. A trilha continuou pelo outro lado do Parque das Pedras. Passamos na beira do lago do Adventure Park, mas para evitar qualquer problema com os administradores, evitamos aproximação.
Na Fazenda Sucupira há várias minas de cristal que foram aprofundadas até atingir o lençol freático. Resultado: surgiram lindas lagoas de águas verdes e azuis. O Adventure Park explora essas lagoas, promovendo atividades aquáticas como mergulho, stand up paddle, caiaque, etc. O visual é lindíssimo. Apesar de não termos visitado as lagoas, seguem abaixo fotos da Lagoa dos Cristais, a grande atração do parque.



Saímos do parque pelo leste, passando por uma carvoaria e por uma represa construída no Ribeirão São Pedro.
Subimos pelo meio do cerrado que cobre o vale do São Pedro até atravessar área de silvicultura. Chegamos numa estrada que seguia no sentido de Cristalina, mas logo encontramos placa que indicava nosso destino e mudamos de rumo, descendo o vale do Ribeirão Arrojado.

Entramos em área de cerrado preservado que nos levou à nossa segunda parada.
Cachoeira do Arrojado
Se tem uma coisa que me deixa chateado é encontrar lixo descartado inadequadamente. Num ambiente natural então, eu fico muito puto! 😡 Quando cheguei ao Arrojado, percebi que não estava tão sujo. Havia placas pedindo respeito à natureza, pedindo ao visitante que levasse seu lixo embora. Gostei! Mas ainda assim, havia lixo, em pequena quantidade, e à medida que andamos pela área, encontramos fraldas, garrafas, roupas velhas, embalagens, uma tampa de fogão, uma grelha, etc. E o pior é que quem deixa lixo na natureza não é o turista, que vem de longe para conhecer o lugar, quem pratica esse crime é o morador da cidade, que frequenta o local durante toda sua vida. Não dá pra entender. O diálogo na introdução reproduz conversa fictícia de pai e filho num futuro não tão distante se não houver conscientização.
Eu já vi lugares bem piores. Se tivesse que dar uma nota em relação à qualidade ambiental, diria que está boa. Visitem, amigos leitores, e, por favor, recolham todo seu lixo.
Só havia três pessoas no local quando chegamos. Nós curtimos praticamente sozinhos. A cachoeira possui duas quedas que caem sem obstáculos depois de saltar do alto de um degrau rochoso de seis metros de altura.

Uma delas cai diretamente num poço profundo, mas com algumas pedras embaixo da queda que permitem tomar uma ducha vigorosa.

Eu entrei e nadei pelo poço, tomei banho embaixo da queda. Foi muito bom para diminuir o calor do dia mais quente do ano no Planalto Central.
Voltamos para Cristalina pelo outro lado do Arrojado (margem esquerda). Atravessamos o ribeirão por cima de uma velha barragem. Escalamos o vale observando a cachoeira, que foi ficando cada vez mais longe, e no alto seguimos por lavouras de milho e cebola. Apesar da seca, a lavoura de cebola tinha sido irrigada e pegamos um pouco de barro.

Um pequizeiro solitário em meio à lavoura representou bem a realidade ambiental de Cristalina. O agronegócio entrou forte no município e devastou o cerrado, causando danos irreversíveis. Sobrou pouco.

Depois de contornar lavoura de milho, entramos numa grande área de cerrado que levou-nos à BR-040, por onde seguimos até Cristalina.

Estava muito calor e nem tivemos apetite para almoçar. Preferimos tomar açaí numa sorveteria da cidade e depois finalizamos a trilha pedalando até nosso hotel.
Resumo do dia: quarenta quilômetros com 544 metros de subida.
Cristalina, 20 de setembro de 2020.
https://www.strava.com/activities/4088922862
– Filho, quando nossa família chegou a Cristalina, aqui só tinha mato. Foi o papai que derrubou o cerrado e transformou em lavoura.
– Que legal, pai. Mas agora que os rios secaram, o que faremos com essas terras?
Nosso segundo dia de pedal foi reservado para conhecer uma das mais antigas RPPNs do Planalto Central: a Linda Serra dos Topázios. Eu não tinha certeza de que a reserva estaria aberta. Tentei contato durante a semana mas não consegui. Se eu chegasse lá e estivesse fechado, tentaria encontrar uma saída para chegar à Cachoeira do Borella, que tinha visitado há poucos dias, mas pelo menos não perderia a viagem.
Depois do café da manhã, tivemos que levar nossa bagagem para o carro. O Hotel Catavento não nos mimou com um late check-out, fazer o quê? Teríamos que voltar para casa sem tomar banho. 😔 Com tudo guardado no carro, partimos pouco antes das 8 horas da manhã, depois de abastecer as caramanholas no posto de gasolina.
Saímos pela BR-050 até a Avenida José de Alencar, que nos levou à estrada de chão que passamos a percorrer.
Nas bordas da cidade encontramos muito lixo. 😡 O ser humano não pode ver um pedaço de cerrado que acha que é um lixão e vai descartando tudo na área: lixo, entulho, cadáveres de animais. À medida que nos distanciamos da cidade, o lixo foi diminuindo.
A estrada até a RPPN é praticamente só descida. O único curso d’água que cruzamos foi o córrego Manoel Belmiro, onde ele está represado.
Aos dez quilômetros, passou por nós um motociclista, vindo no sentido contrário. Parei-o e perguntei se a RPPN estava aberta. Tive a sorte de parar um funcionário da reserva, que informou-me que estava aberta e seu patrão iria nos atender. Continuamos mais seguros.
Logo a paisagem começou a ficar mais bonita, com o cerrado dominando a paisagem, e começaram a aparecer placas da RPPN.

A diferença entre os ambientes é grande. Como relatei em Pan-Cristaluna, o alto das chapadas, onde as lavouras se proliferaram, parecem desertos. Não há árvores, não há verde, não há vida. O diálogo fictício da introdução pode não estar muito distante de acontecer nas famílias de agricultores Cristalinenses que devastaram o rico cerrado dos planaltos e aterraram nascentes.
Aos treze quilômetros, chegamos. Um enorme Weimaraner recepcionou-nos. Apesar dos latidos ameaçadores, ele só queria brincar. Ouvindo os latidos de seu cão, o Sr. Jaime apareceu, o criador da RPPN. Junto a ele, Cláudia, sua filha.

Fui logo parabenizando o homem. Ele merece todas as honras. Criar uma RPPN demanda coragem, luta, desprendimento, muito amor pela terra e pelo meio-ambiente. Jaime Sautchuk é o cara! 👏👏👏
Conversa vai, conversa vem, Jaime contou-nos sobre suas aventuras pré-RPPN, quando criou o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na Cidade de Goiás, de onde se tornou cidadão honorário. E como uma conversa puxa a outra, contei-lhe sobre o Caminho de Cora Coralina e sobre o livro que escrevi (Cora e eu). Para minha surpresa, seu Jaime disse: “Eu tenho o livro e quero seu autógrafo.” Pense no orgulho desse escritor! Chegou a arrepiar os pelos do braço. 😁
Jaime também é escritor e trabalhou como repórter em vários veículos de comunicação. Veja aqui os livros de Jaime Sautchuk.
Enquanto conversávamos, o Weimaraner foi ficando meu amigo e resolveu me dar um abraço. Ele pulou em cima de mim e colocou as patas em meus ombros. Quase me derrubou.
Depois de muita rasgação de seda, pegamos a trilha para conhecer a Linda Serra dos Topázios.
Linda Serra dos Topázios
O Ribeirão dos Topázios nasce da junção dos Córregos Topazinho e Capão do Jaó. O Topazinho nasce praticamente dentro da zona urbana de Cristalina. O Topázio corre pelo planalto por cinco quilômetros até lançar-se pelos meandros da Serra dos Topázios, onde logo depois encontra-se com o Córrego Pedra em Pé e forma belíssimo cânion, cheio de poços de águas cristalinas. Nesse emaranhado de cursos d’água, Jaime Sautchuk decidiu criar a RPPN Linda Serra dos Topázios. Ah, como eu queria que todo proprietário rural seguisse esse exemplo!
RPPN é uma sigla que significa Reserva Particular do Patrimônio Natural. É uma modalidade de unidade de conservação em que a propriedade é transformada em reserva ambiental, sendo permitido ao proprietário explorá-la comercialmente desde que preserve seu aspecto natural. O melhor de tudo é que a área não pode deixar de ser RPPN, seu caráter é perpétuo! 👏👏👏
A RPPN Linda Serra dos Topázios foi criada em 25 de outubro de 1994, sendo uma das primeiras do Planalto Central. Ela possui cerca de quinhentos hectares. Quem quiser pode visitá-la e até hospedar-se lá.
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Jaime instruiu-nos a seguir de bicicleta até o Poço Diretoria e, a partir do poço, caminhar até a Cachoeira dos Topázios. Foi o que fizemos. Pedalamos até o Poço Diretoria e conhecemos as limpíssimas águas do Córrego Pedra em Pé. São dois poços de águas frescas e cristalinas.

Não nos demoramos. Escondemos as bicicletas no meio do mato e seguimos caminhando até a Cachoeira dos Topázios. A trilha segue acompanhando o Pedra em Pé e depois vai se afastando, tomando o rumo da Cachoeira dos Topázios. Quando fomos nos aproximando, comecei a ouvir vozes, depois música. Quando chegamos, havia várias pessoas por lá, três ou quatro família, com panelas, churrasqueiras, coolers, enfim, aquela farofada típica. Foram três quilômetros de caminhada desde o Poço Diretoria.
Assim como na Cachoeira do Arrojado, houve um trabalho da prefeitura para limpar a área, mas ainda havia um pouco de lixo. Usando os mesmos critérios de avaliação, diria que a Cachoeira dos Topázios está em ótima situação ambiental.
A Cachoeira dos Topázios é muito melhor do que eu imaginava. Não há grandes quedas, mas os poços de águas cristalinas são espetaculares. Isso sem falar no cânion escavado pelas águas do rio.
Caímos na água e curtimos os poços.
O poço que escolhemos para entrar tinha muitos girinos e sapinhos.
Depois, fizemos a caminhada de volta e tomamos outro banho do Poço Diretoria, pois o calor estava grande. Dessa vez, havia outros turistas por lá. Outra coincidência: dois deles eram nossos conterrâneos, de Londrina/PR, e também moravam em Brasília.
Por volta do meio-dia, pegamos as bikes e fizemos a trilha de volta até a sede da RPPN. Informamos Jaime sobre a forofada e ele disse que o problema deve ser resolvido em breve, pois o dono da fazenda que fica do outro lado do rio, por onde aquelas pessoas entraram, vai proibir o acesso devido à sujeira gerada pelos frequentadores. Dá pra entender o comportamento destrutivo desses sujismundos?
Seu Jaime e eu engatamos na conversa, mas Leidiane cutucou-me quando percebeu que um assunto emendava no outro e pediu para irmos embora. 😔 Despedi-me com pesar do Seu Jaime. Ele tem muita história para contar.
E assim, deixamos a Linda Serra dos Topázios e começamos a subir para Cristalina. Não foi tão difícil pois não é muito íngreme. Chegamos em Cristalina por volta de 13h30, e mais uma vez fomos até a Sorveteria Frutos do Cerrado tomar açaí. Depois, completamos o pedal, terminando o passeio no hotel. Nada de banho, 😔 mas pelo menos pudemos usar o banheiro da recepção para lavar o rosto.
Resumo do dia: 36,5 quilômetros com 501 metros de subida.
Colocamos as bikes no carro e voltamos para Brasília.
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Esse final de semana cristalino fez-me pensar muito sobre nosso futuro na Terra, ou sobre nossa falta de futuro. Incêndios, lixo, desmatamento e tantos outros problemas ambientais estão acabando com nosso mundo. Cristalina precisa organizar-se para resolver seus problemas. Ela poderia seguir o exemplo de Pirenópolis e tornar-se importante polo turístico. Em áreas públicas, a exemplo do Balneários das Lajes, pode haver cessão à iniciativa privada, e nas áreas particulares, pq não cobrar ingresso? Pode ser um remuneração muito pequena para o dono da fazenda, que fatura milhões plantando soja, mas para seu funcionário, que já está ali à toa durante o final de semana, seria um baita incremento de renda.
O Homo sapiens costuma unir-se em momentos de caos, como o que vivemos com a atual pandemia de coronavírus. Espero que a questão ambiental seja tratada antes de chegarmos a uma situação extrema. Tem coisas que não há como remediar, nem como consertar.
Assim como a pandemia empurrou-nos para o home office, talvez o declínio ambiental provoque uma revolução e também nos empurre para um mundo melhor, ou nos leve à extinção. Veremos.
E para finalizar, deixo a mensagem de uma placa da Cachoeira do Arrojado: “Quando jogar algo fora, lembre-se, não existe fora”.

Bom dia, tudo bem. Amei ler sobre minha cidade. Muito bem pontuado cada problema e cada beleza que temos por aqui.
Também sou ciclista, eu e minha família. Essa semana os ciclistas de Cristalina estarão iniciando um projeto de limpeza das cachoeiras e pontos turísticos. Te convido a retornar e girar conosco. Espero que encontre tudo mais limpo.
Obrigada e abraço.
Líbia Pacheco
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Fico muito feliz em ouvir essa notícia. Essa iniciativa só pode trazer bons frutos. Nós ciclistas temos que dar exemplo. Obrigado pelo contato e parabéns aos envolvidos. Vocês estão no caminho certo.
Voltarei em breve. 😉
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