Biribiri – Diamantina/MG – 18/12/2018

por Evandro Torezan

Diamantina/MG, 18 de dezembro de 2018

A primeira parada de minha viagem pelas cidades históricas de Minas Gerais foi em Diamantina. Cidade histórica, no centro do Estado de Minas Gerais, Diamantina nasceu como Arraial do Tejuco em 1691. Tejuco é um pequeno riacho no qual se explorava ouro. O arraial cresceu ao longo do riacho e deu origem ao centro urbano. A quantidade de ouro encontrada por lá não foi tão grande e quando o fracasso das lavras ameaçava o desenvolvimento da cidade, houve a descoberta de diamantes em 1729, o que transformou o arraial em lugar de luxo e esplendor. Em 1831 o arraial foi elevado à categoria de vila e ganhou o nome de Diamantina.

Quando cheguei à região, subindo a Serra do Espinhaço pela BR-367, notei algo familiar. Terreno e vegetação são muito parecidos com os da Chapada dos Veadeiros. Cerrado e campos rupestres.

Em nosso primeiro dia na cidade, resolvemos conhecer o Parque Estadual do Biribiri.

Em janeiro de 1876, o bispo católico João Antônio dos Santos inaugurou com pomposa festa a Fábrica do Biribiri, no sertão de Diamantina, a doze quilômetros da cidade. A empresa Santos & Cia, de João Antônio e família, iniciou suas atividades como indústria têxtil, oficina de lapidação e fundição. Um dos objetivos do empreendimento era beneficiar crianças órfãs da região, abrigando-as na vila e dando-lhes ocupação. A fábrica chegou a ter seiscentos empregados, sendo que a maioria vivia na vila, que tinha água encanada e energia elétrica gerada por usina própria. No local havia clube, barbearia, restaurante, enfim, o necessário para tornar a vida dos moradores confortável. A fábrica encerrou suas atividades em 1972, depois de quase um século de atividade.

Saímos do centro de Diamantina e pegamos a estrada rumo ao hoje Parque Estadual do Biribiri. São quatorze quilômetros por boa estrada de terra. No caminho, placas indicando poços e cachoeiras vão aparecendo pela estrada. Seguimos direto para a vila.

O Biribiri fica no vale do Ribeirão das Pedras, abrigado entre os morros da Serra dos Cristais. Depois de passar pelo portal onde se lê “Companhia Industrial de Estamparia – Fábrica do Biribiri”, a estrada desce para a vila. Não foi a toa que escolheram o lugar para fazer a fábrica. Aproveitou-se o desnível do Ribeirão das Pedras e seus afluentes para construir usina hidrelétrica. Além de abastecer a fábrica, a usina chegou a fornecer energia para Diamantina.

Olhando de cima, chega a ser impressionante o que foi construído no estreito vale. Enormes fábricas, casas, igreja. Palmeiras destacam-se na paisagem fazendo a guarda da igreja.

Vila do Biribiri

Descemos, passamos pelas casas, pelo lado da igreja e estacionamos embaixo de uma mangueira na área industrial. Ao descer do carro, o primeiro som que se ouve é de água, que brota nos morros e foi canalizada para cruzar a área edificada. Bem ali, ao lado do estacionamento, fartura de água, correndo dia e noite.

Desde 1998, a Vila do Biribiri foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Foi também em 1998 que se criou o Parque Estadual do Biribiri.

Entramos na vila. É um cenário muito bonito. O verde do gramado da praça central contrasta com a pintura branca e azul das construções, emoldurados pelos morros em volta. É uma paisagem incrível, que já serviu de cenário para filmes, séries e novelas, como o filme Xica da Silva, de Cacá Diegues; e a novela Irmãos Coragem.

Nosso objetivo era caminhar pelo parque até a cachoeira mais próxima da vila. Saímos, então, subindo a estrada pela qual havíamos descido. Pudemos apreciar a vista sem pressa. Que visual!

Saindo da vila, depois que a estrada aplana, chega-se ao Ribeirão das Pedras. Ele foi represado pouco antes de passar pela ponte. É possível ver a cascata que se formou sobre sua vazante.

Passamos pela ponte e continuamos subindo até o alto, onde a estrada bifurcou e seguimos rumo à Cachoeira dos Cristais. São cerca de 2,5 km de caminhada pela estrada em meio ao cerrado. Há pouca sombra.

A cachoeira fica no Córrego dos Cristais. Na chegada há uma grande ponte, bem velha, que está interditada. Passamos pelo lado, pulamos o córrego, percorremos mais alguns metros de trilha e chegamos à cachoeira.

São três degraus de queda. Os dois primeiros, maiores, terminam em um grande poço ótimo para banho. É lugar profundo. Nadando pelo poço até a cachoeira, é possível entrar atrás dela. O último degrau é menor, com cerca de um metro e meio de altura, queda dividida em duas, formando poço menor, mais raso.

Depois do banho na cachoeira, fizemos o caminho de volta. Chegamos na vila por volta do meio-dia. Havia dois restaurantes abertos e escolhemos o mais movimentado para almoçar, na sombra das árvores do grande largo central de Biribiri.

Findo o almoço, deixamos a vila para conhecer as outras cachoeiras que vimos pelo caminho. Seguimos de carro. Primeiro paramos na Cachoeira da Sentinela, no córrego de mesmo nome, tributário do Ribeirão das Pedras. Cachoeira com vários níveis onde se formam piscinas naturais rasas. É só ir escalando a escarpa e escolher o melhor lugar para refrescar-se.

Eu achei a Sentinela mais bonita do que a dos Cristais, mas para quem gosta de nadar, a dos Cristais é melhor.

Voltamos mais alguns quilômetros no sentido da saída do parque e paramos no Poço do Estudante. Deixamos o carro na estrada e seguimos a trilha. Acompanhando o riacho há vários poços, todos de água cristalina. O maior é o primeiro.

O Biribiri é um lugar incrível. Vale a pena passar um dia por lá.

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