por Evandro Torezan.
Brasília, 25 de setembro de 2021.
https://www.strava.com/activities/6021210636
Chega a ser irritante a obsessão que os ciclistas brasilienses têm por Pirenópolis. Parece até que o único lugar viável e bonito nas proximidades do “quadradinho” seja a outrora Meia Ponte. Eu sei que Piri é sensacional, diria até hors concours no quesito “destino turístico”. Ela tem história, natureza exuberante, hotéis para todos os gostos e bolsos, trilhas lindas, cachoeiras de águas cristalinas. Mas isso não quer dizer que nossas outras cidades vizinhas não tenham suas virtudes. Formosa, Luziânia, Padre Bernardo têm muitos lugares a serem visitados.
Foi para tirar os tombianos (integrantes do grupo Tombos do Cerrado) da mesmice que propus ao presidente Wilmar Castro que fizéssemos o Day Camp 2021 em Cristalina/GO. O evento tomou forma rapidamente. Alugamos uma van mas demos opções a quem quisesse ir de carro, avisamos a dona da Pamonharia Recantus de que almoçaríamos lá e reservamos o Rancho Cristaluna para passarmos a tarde. Faltava só a turma tirar a bunda do sofá e colocá-la no selim.
No sábado de manhã, lá fomos nós, rumo a Cristalina. Os felizardos que conseguiram reservar sua vaga na van, reuniram-se num posto de gasolina em Águas Claras. O nosso motorista Paulo chegou cedo, embarcamos as bikes na carretinha e partimos no horário marcado. Só paramos na Pamonharia Recantus para a turma tomar café da manhã. Por incrível que pareça, depois do calor da última semana, chegamos até a passar frio. É que a chuva voltou ao Planalto Central, encerrando a temporada de seca. Seguimos sob fraca chuva de Brasília até Cristalina. Às 8h da manhã já estávamos na Igreja Matriz da cidade, a Igreja de São Sebastião, ponto zero de nossa trilha.
Prestigiaram o evento: Carlos Viana, Eldenice Rocha, Gilson Magalhães, Junior Caveira, Junior Porra, Leidiane Torezan, Leonardo Marques, Nilton Shoji, Wilmar Castro, Helvécio, Leonardo Xavier, Marcos Paulistinha, Carlos Neymer e eu (Evandro Torezan).

Fiz breve preleção, alertando os amigos sobre os perigos e possíveis percalços do dia, tiramos fotos em frente à igreja e partimos por volta de 8h30. Percorremos as ruas do centro da cidade até chegar à BR-050. Seguimos pelas vias marginais, tentando fugir do trânsito pesado da rodovia, e até fizemos um desvio que não deu certo e tivemos que voltar, mas, aos onze quilômetros de pedal, abandonamos a BR e entramos nas estradas rurais de Cristalina.
Eu estava um pouco tenso pois, para chegar ao nosso destino, a Cachoeira do Borella, passaríamos bem próximos à sede de uma fazenda. Pois quando chegamos à porteira da tal fazenda, uma caminhonete veio ao nosso encontro. Felizmente, autorizaram nossa entrada.
Passamos pela sede, onde alguns cães fizeram-nos correr um pouco. Depois, cruzamos dois colchetes e chegamos ao vale do Ribeirão Pau de Óleo. Ainda no alto, passamos por uma série de fornos de carvão abandonados. Me dá uma tristeza enorme encontrar fornos de carvão, mesmo velhos e abandonados. É uma prova de que o cerrado que havia ali foi queimado 😪.

Continuamos pela estradinha que foi entrando e descendo pela mata.

Aos 23 quilômetros de pedal, chegamos à área da Cachoeira do Borella. A chegada é um pouco difícil. Fizeram uma bagunça de terra no lugar para que carros consigam chegar perto, um verdadeiro crime ambiental. A turma ficou impressionada quando viu o lugar. Chega-se pelo alto, de onde é possível enxergar a cachoeira e seu poço em meio às árvores.
Deixamos as bicicletas no final da estrada e por escada escavada no barranco descemos o escarpado cânion. Percorremos algumas dezenas de metros por trilhas na encosta e chegamos à parte de baixo da cachoeira.
A Cachoeira do Borella tem certa semelhança, guardadas as devidas proporções, com a Cachoeira do Garimpão, da Chapada dos Veadeiros. Ela tem dez metros de altura e forma poço de trinta metros de diâmetro. Caímos na água, nadamos no poço, tomamos banho sob a queda.
Lugar incrível! Até o cascalho do poço é especial: cheio de cristais. Passamos quase uma hora curtindo a cachoeira.

Depois de rápido lanche, escalamos a trilha, pegamos as bikes e retomamos o pedal. Ao escalar a estrada cascalhada e bem íngreme, minha bicicleta derrapou e quase que eu desço rolando de volta pra cachoeira. Felizmente, o cascalho freou-me. Recuperado da queda, com bunda e honra raladas 😖 e com a inscrição no grupo “Tombos do Cerrado” renovada por mais um ano 😆, voltei a pedalar subindo o vale até a primeira bifurcação. Fomos pela esquerda até o Balneário Borella. É uma outra cachoeira, também com bom poço, no mesmo rio, onde construíram um bar que está desativado. Atravessamos o ribeirão pela pequena ponte de pedra e ficamos alguns minutos por lá, para que os amigos conhecessem o local.



Depois, subimos uma escadaria e seguimos pela estrada que nos levou até o alto da chapada, onde passa uma estrada. O caminho até o alto estava enfeitado por caliandras, a flor-do-cerrado.

No alto da chapada, cujo cerrado foi totalmente removido, há grandes lavouras. Não se vê uma árvore sequer. É um verdadeiro deserto. Se não fosse a chuva da véspera, estaríamos enfrentando uma estrada cheia de pó e ar extremamente seco. Em vez disso, enfrentamos oito quilômetros de corrugações, popularmente conhecidas como costelas de vaca.
Terminada a área de chapada, começamos a descer o vale do Ribeirão dos Topázios. A paisagem melhora, deixamos a desolada lavoura. Surgem áreas de cerrado e, à direita, destaca-se a RPPN Linda Serra dos Topázios, um vale verde, santuário ecológico criado pelo Sr. Jaime Sautchuk, que faleceu neste ano.
Aos 45 quilômetros passamos por uma grande ponte de madeira. É o Ribeirão dos Topázios. A qualidade da água que escorre tranquilamente pelo leito é admirável. É o legado deixado pelo Sr. Jaime. Enquanto muitos fazendeiros deixam fortunas para os filhos, destruindo o meio ambiente de suas propriedades, o Sr. Jaime deixou-nos sua RPPN e as águas cristalinas que jorram de suas terras. Isso não tem preço! 👏👏👏
Continuamos a trilha subindo a margem direita do vale, até chegar à BR-040. Dali em diante, seguimos pelo asfalto, passando pelo Ribeirão Furnas, até a Pamanhoria Recantus, onde almoçamos. Chegamos quase todos juntos. Cristóvão “Sempre-Ele” Naud e seu amigo Fabiano estavam por lá almoçando e juntaram-se a nós na confraternização.

Depois do almoço, descemos pelas ruas da comunidade rural Rosas de Brasília até o Rancho Cristaluna, do Cristóvão, onde passamos o resto da tarde tomando banho de piscina e jogando conversa fora.

Partimos para Brasília às 17h, fazendo várias paradas pelo caminho para comprar cerveja. Ô povo que bebe!

Agradeço ao nosso motorista Paulo pelo ótimo serviço prestado, à Aleteia, dona da Pamonharia Recantus, pelo atendimento e almoço de primeira, ao Cristóvão Naud pela sempre amigável recepção no seu Rancho Cristaluna, ao Wilmar pela organização e a todos os ciclistas que prestigiaram este evento pensado com carinho para reunir os amigos.
O encontro foi muito bom, mesmo! Sem acidentes (graves🤨), cachoeira fantástica, almoço bom e barato, confraternização divertida regada a cerveja e gatorade, piscina cor de esmeralda, e muitas risadas. Foi como o Júnior Porra disse: “mais um momento de alegria pela vida”.
Foi mesmo muito bom participar desse evento. Foi como nos velhos tempos de Pedaguas: pedal, amigos e confraternização! E viva o mago das cicloviagens e descobridor dos 7 cerrados!😄
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Valeu Evandro como sempre relato perfeito do desbravador do Cerrado, vamos deixar Piri somente pro PiriPorra😂😂😂🙏🏼💪🏼🚴🏻♀️🚴🏻♂️🎸🍺🙏🏼
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Esta cachoeira se parece muito com a Cachoeira do Lázaro, em Pirenópolis.
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