Brasília, 6 de novembro de 2021.
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O Piriporra é o evento mais aguardado do grupo Tombos do Cerrado e Pedáguas. Há onze anos comemoramos o aniversário de José Teixeira Marques Júnior, o Júnior Porra, pedalando até Pirenópolis. Dessa vez, comemoramos seu 64º aniversário.
Como sempre, o organizador foi Wilmar Castro, presidente do Tombos do Cerrado. O evento é sem fins lucrativos e apenas os custos são repassados aos participantes. Foram três vans contratadas para nos levar de Águas Claras ao início da trilha e trazer-nos de volta no final do dia.
Os ciclistas que vieram comemorar o aniversário de Júnior foram: Carlos Viana, Iran Chuquer, Junior Porra, Leonardo Marques, Marcos “Ferrobraz” Rodrigues, Marcus Fagundes, Nilton Japa, Rayanne Muniz, Sergio Madureira, Sérgio Pires, Sergio Reis, Wilmar Castro, Cristóvão Naud, Dario Rugel, Delaine Cunha, Eldenice Rocha, Eurico Gaspar, Evandro Torezan, Fábio Renato, Fabricio Harbs, Ivson Cunha, Juliano Marques, Leidiane Torezan, Luciano Vicari, Marco Aurélio, Rodrigo Ribeiro, Rodolfo Silva, Alisson Evangelista, Carlos “Coach” Neymer, Cristiane Rocha, Francisco Dinho, Doriocan Moreira, Eliakim, Francion Santos, Genival Barbalho, Joelene Cristina, Júnior Caveira, Júlio Rocha, Thiago Rodrigues, Will e Wilson Miranda.
Às 5 horas da manhã, a galera começou a chegar com bicicletas e bagagens ao Posto San Remo, em Águas Claras. Alguns preferiram seguir pedalando desde Águas Claras: Sérgio Madureira, Wellington, Willian, Adriano, Marquinhos Ferrobraz, Dario Rugel, Fabrício Harbs, Rayanne Muniz e Marcus Fernandes. Eles deixaram suas tralhas e saíram pedalando.

Quem não foi pedalando, embarcou nas vans que partiram às 5h30 rumo a Santo Antônio do Descoberto. O sol deu as caras quando deixávamos Águas Claras, mostrando que, pelo menos na partida, não teríamos chuva. Em Santo Antônio, paramos na Padaria Três Irmãos, onde a turma foi tomar café da manhã. Os funcionários não estavam preparados para atender aquele bando de gente de uma vez só. Os ciclistas até tentaram assumir a chapa para adiantar os mistos, mas o chapeiro não deixou. Atrasou, mas os famintos conseguiram comer.
Em Santo Antônio, juntaram-se a nós alguns ciclistas que estavam afastados pelo departamento médico. Apresentaram atestados justificando a ausência e foram dispensados: Francisco Dinho (CID 10 – S42.8), Fabiano Alves (CID 10 – M54.2) e Fernando Ferreira (CID 10 – Z76.5). Mesmo sem poder pedalar, vieram comemorar o aniversário do amigo Júnior.


Terminado o café da manhã, seguimos para o ponto zero da trilha, a cerca de oito quilômetros da padaria, na Placa Camila. Desembarcamos as bikes, arrumamos as tralhas. Em poucos minutos estávamos prontos para partir. Deu tempo até de procurar um gatinho perdido, cujo miado ouvíamos de longe, e ver uma cena macabra: os restos de uma cabra queimada pendurada no portão de uma fazenda. Sinistro!
O Padre Fábio fez a oração do dia. Dessa vez foi o Padre Fábio Carvalho, ciclista, já que o “de Melo” não pode vir. Cantamos parabéns para o aniversariante, que ganhou de presente um novo estoque de “azulim”, agora em gel.
Às 7h30 começamos a pedalar pelos estradões de Goiás. A equipe de reportagem do Canal Tombos estava presente, registrando a passagem do comboio.
Com poucos quilômetros de pedal, três ciclistas já tinham apresentado atestados também com CID Z76.5, doença que se espalha rapidamente no meio ciclístico: Lino, Will e Marcos. Subimos a chapada e pedalamos pelo alto por sete quilômetros, até começar a descer para cruzar o Rio Areias. Um caminhão basculante atrapalhou nosso passeio nesse trecho, levantando poeira e segurando-nos nas descidas.

Alguns animais deram as caras na estrada para ver o que aquele monte de gente fazia por lá. Uma cobra coral foi flagrada, mas ninguém teve coragem de pegar. Já o tatu, todos quiseram segurar. Sérgio Reis disse que ia levar para comer em casa (É brincadeira, Ibama).


Cruzamos o Rio Areias. O vale do Areias foi um dos maiores desafios do percurso: duzentos metros de ascensão em seis quilômetros. O caminhão basculante abandonou-nos nessa subida, deixando-nos para trás. O pelotão dissipou-se. Leidiane e eu ficamos sozinhos. No alto, depois de margear área de pastagem, cruzamos lavoura que estava sendo preparada para o plantio. Nesse ponto há importante bifurcação do caminho. Seguimos à direita, subimos um pouco e começamos a descer. Nas margens da estrada havia algumas frutas da época. Eu vi mangaba, cajuzinho e muito bacupari.
No final da descida, outra bifurcação, no Boteco Zé da Ana. Seguimos à esquerda, acompanhando o Ribeirão Ponte Alta pela sua margem esquerda, rumo à nascente. Mais nove quilômetros e chegamos a Aparecida de Loiola, conhecida por Aparecidinha, distrito do município de Corumbá de Goiás. Cristóvão juntou-se a nós nesse trecho. Paramos no Mercadinho do Nenzinho para lanchar. Quando chegamos, os mais adiantados já estavam partindo.


Saímos de Aparecidinha e logo no final da cidade pegamos estrada à esquerda. Cruzamos o Ribeirão Ponte Alta, profunda passagem sobre ponte, ladeada por mata ciliar. Percorremos dezesseis quilômetros acompanhando a margem esquerda do ribeirão, entre fazendas. Encontrei Carlos Coach fazendo uma dancinha estranha numa sombra na beira da estrada. Ele disse que era para melhorar as dores na lombar, mas eu acho que ele estava ensaiando para alguma apresentação. Nunca perguntei, mas ele deve ser coach de dança.
A estrada vai desviando dos afluentes do Ponte Alta até chegar a Morrinhos (Fazenda Mamoneira). Chegamos lá às 10h40 da manhã. Morrinhos é outra pequena comunidade no município de Corumbá de Goiás. Tinha uma turma grande por lá. Nós tomamos água de côco e descansamos um pouco. Cristóvão, Ivson e Delaine chegaram logo depois. Cristóvão não estava bem, dizia estar enjoado.

O próximo desafio foi a Subida 4×4. Para chegar lá, demos a volta no morro da frente da comunidade e pegamos um carreador apertado, cheio de grandes poças de lama. Felizmente, a lama arenosa não grudava nos pneus.
Quando passamos na 4×4, algumas gaiolas (carro off-road) estavam subindo, jogando pedra para todo lado.
Eu até tentei subir pedalando, mas devido à bagunça que as gaiolas fizeram (só por isso 😉) não consegui. Pelos relatos dos amigos, apenas Leidiane conseguiu zerar a 4×4, mas o vídeo-prova ficou truncado. 😉)
Paramos no alto para agrupar, onde Eliakin, Carlos Coach e Doriocan estavam consertando um pneu furado.

Logo chegaram Cristóvão, Ivson e Delaine. Cristóvão, que estava enjoado, vomitou na subida. Para tentar melhorar sua condição, fez questão de ir até o Oásis pois precisava de um banho frio. Ivson e Delaine foram com ele.

O estradão arenoso no alto da Serra do Quilombo estava cheio de poças d’água. Logo depois chegamos numa das partes mais bonitas desse trajeto. É uma área com campos sujos, fitofisionomia do cerrado caracterizada por campos de gramíneas com arbustos e árvores espaçados, no entorno do Córrego Mata Gado.

É uma grande área com campos, cerrados e matas de galeria. Gosto de passar por ali com calma, parar no alto e curtir o visual. E foi o que fiz. Atravessei sem pressa e parei no alto da Serra do Bicame, onde fiquei fotografando os amigos que subiam.

A estrada segue pelo alto da chapada (Serra do Bicame) por cinco quilômetros e depois desce para Cocalzinho.
Quando embicamos para baixo, Pico dos Pirineus no horizonte à frente, avistamos nuvens negras ao norte.

A chuva caía pesada, mas com sorte, conseguiríamos chegar secos a Cocalzinho de Goiás se não nos demorássemos. Fomos descendo, atravessando as fazendas. De repente, Leidiane gritou. Ela estava com um pneu furado. Conseguimos pedalar mais um pouco e chegar à entrada de uma fazenda, onde há uma cobertura, pois se chovesse estaríamos protegidos. Desmontei a roda, removi um espinho e troquei a câmara de ar. Nilton Japa parou um pouco ali conosco, mas queria chegar logo em Cocal e depois que eu lhe informei sobre a distância até a cidade, seguiu só.
Reparo feito, continuamos pela estrada. Cinco quilômetros depois, chegamos a Cocalzinho. As vans estavam lá para resgatar os fritos. Eu peguei dois gatorades no isopor e abriguei-me com Leidiane no Bar da Rodoviária, enquanto uma ventania forte varria a rua em frente. Fizemos lanche rápido no bar, antes de encarar o desafio final.
Saindo de Cocal, o tempo pros lados do Vale do Corumbá era assustador. Nuvens negras no alto, horizonte branco devido à chuva que caía forte a poucos quilômetros de nós. A chuva foi aproximando-se enquanto saíamos da cidade e quando pegamos a BR-070, chegou em forma de chuvisqueiro. Logo saímos da BR e entramos na estrada de acesso ao Parque Estadual dos Pirineus. Quando começamos a subir, a chuva chegou, gelada! Mas durou pouco e em alguns minutos o sol já brilhava novamente. Choveu o suficiente para deixar-nos encharcados, mas foi até bom tomar aquela ducha.
Passamos pelo portal do parque, que agora tem rede wifi gratuita (ual!) e cruzamos uma matinha, terminando a dura subida de três quilômetros. Leidiane estava cansada, mas avisei-lhe que o pior já havia passado.
Às 15 horas, percorríamos a estrada principal do parque, pedalando em meio ao seu cerrado e as suas belas paisagens, como o Pico dos Pirineus e o Morro do Cabeludo. Saímos do parque e seguimos até o Mirante do Ventilador. Nesse trecho encontramos Júnior Caveira, que desde o início da trilha estava enfrentando problemas com seu pneu tubeless.
O final de tarde estava maravilhoso e a vista do mirante estava esplêndida. Ainda mais depois de o tempo limpar após a chuva. Tiramos algumas fotos e partimos.

Sérgio Reis estava por lá e seguiu conosco. Do mirante até o Rio das Almas são seis vertiginosos quilômetros de descida. Desci na frente e esperei Leidiane e Sérgio no Rio das Almas. Faltava pouco! Seguimos pelo asfalto. Encontramos um grupo parado na Cervejaria Casarão. Estavam se reidratando. Nós não paramos e fomos logo para o centro da cidade, até a Igreja do Rosário, agradecer pelo dia bem vivido, pelo aniversário de Júnior e pela primeira ida de Leidiane até Pirenópolis de bike.

Depois, fomos em busca das vans. Elas estavam estacionadas na Rua do Carmo e a turma espalhada pela área, sentados nos bares e calçadas. Encontramos um lugar para tomar banho e depois fomos comer.

O pelotão “com pressa” (Sérgio Madureira e Marquinhos Ferrobraz), chegou na cidade às 13 horas e ficou descansando num bar. Compraram um litro de cachaça para degustar. Chegaram cedo pois tinham compromisso com a manguaça.
Enquanto descansávamos, tomando um belo balde de açaí pelas ruas da cidade, eis que surge ele, a lenda, Pablo “Elite” Amorim, aclamado e premiado ciclista brasiliense. Ele participou do Piriporra na categoria gravel-solo, partindo do Bar do Botinha e encontrando o percurso em Aparecidinha. Foi o único participante na categoria e chegou em primeiro lugar, fazendo jus à alcunha.

O final de tarde estava lindíssimo!

As vans deixaram Pirenópolis às 18 horas. Pelo caminho, muita bagunça. Alguns disseram até que o melhor da viagem é voltar de van. 🙂 Às 21 horas chegamos em Águas Claras.
Parabéns ao organizador do evento, Wilmar Castro. Mais uma vez, foi um sucesso. Parabéns ao Júnior Porra pelos seus 64 anos comemorados com muita saúde! Parabéns, Leidiane. Que seja a primeira de muitas idas nossas de bicicleta para Pirenópolis.
Que legal! A equipe de reportagem foi top! Parabéns à todos! Que venham muitos “Piriporras”!!
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Parabéns Evandro, relato muito bem detalhado e como sempre captando a essência do piriporra.
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Fez me lembrar de vários detalhes desse incrível pedal. Excelente texto.
Parabéns.
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