Brasília, 5 de novembro de 2016
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– Como é seu nome?
– Meu nome é Júnior, porra!
Assim nasceu o apelido de nosso amigo José Teixeira Marques Júnior, o Júnior Porra. Com percursos diferentes que sempre terminam na charmosa Pirenópolis, o Piriporra é um pedal em comemoração ao aniversário do Júnior. Nesta sexta edição, nossa partida foi na cidade de Cocalzinho de Goiás. Foi a primeira vez que eu participei do mais tradicional evento do Pedáguas, que ocorre anualmente.
Às 5h da manhã nos reunimos no posto San Remo em Águas Claras. Embarcamos as bicicletas em duas vans e seguimos para Cocalzinho, cidade goiana há dezoito quilômetro de Pirenópolis. Parecia fácil, mas Wilmar Castro, organizador do evento, conseguiu transformar esses dezoito em 72 km.
Chegamos em Cocalzinho por volta das 7h30. A distribuidora de bebidas Oliveira, que serve o quitute mais desejado da cidade, o disco de carne, ainda estava fechada. O irmão do Júnior, o Arara, trouxe alguns ciclistas de Goiânia para fazer o trajeto.
Enquanto desembarcávamos as bikes e nos preparávamos para a trilha, a distribuidora abriu. Nilton Japa, ávido por discos, foi o primeiro a entrar no estabelecimento. A foto dele, de melhor cliente da casa, ainda estava lá. Ele ganhou o título quando comeu dez discos de carne de uma só vez. Bateria ele seu próprio o recorde?
A estufa ainda estava vazia, mas logo foi preenchida com muitos discos. A dona, avisada de nossa visita, reforçou o estoque. Desta vez, Japa foi comedido. Comeu apenas quatro discos e tomou um litro de água de coco.
Depois de rápidos avisos e muitos “parabéns pra você”, começamos o pedal.
Atravessamos Cocalzinho. Alguns foram atraídos pelo bar Sedução, que ainda estava fechado.
Entramos na terra. Na primeira subida do dia encontramos um senhor de 78 anos pedalando sua Barra Forte. Acompanhou-nos por um tempo, mas acabou ficando pra trás. O céu azul contrastava com o verde da paisagem, que renasceu após o final da seca.
Seguíamos a estrada que vai para a Cidade de Pedra. É um caminho muito bonito, com enormes áreas de cerrado, campos nativos e veredas. À nossa esquerda o escarpado vale do rio Corumbá nos separava da Serra dos Pireneus.
Aos quatorze quilômetros entramos num single track, que parece já ter sido uma estrada, que o mato tomou conta. Ele nos levou ao lago de uma pedreira abandonada. O lago, verdinho, convidava para um banho, mas só as bikes caíram na água, literalmente. A do Sílvio rolou pelo barranco e mergulhou. A minha, deitou-se na margem.
Seguimos. Quando passávamos pela Cidade de Pedra, o pé-de-vela da bike do Pablo caiu. O parafuso que lhe segura não foi apertado corretamente. Ele recolocou, apertou forte e pronto.
Depois da Cidade de Pedra, pegamos um trecho de estrada naturalmente calçado. São as famosas Pedras de Pirenópolis, ou Pedras Goianas, que formam o solo dessa área.
Chegamos na área do Mosteiro Zen, onde fica a Cachoeira do Dragão e várias outras menores. Passamos direto e começamos a descer a Várzea do Lobo. O single para chegar no fundo da Várzea é fantástico. Com muitas pedras soltas, todo cuidado é pouco para não rolar pelas ribanceiras. As paisagens, em cada curva, são incríveis.
Chegando no fundo do vale, atravessamos uma pequena ponte improvisada e logo chegamos na Cachoeira das Freiras. São duas quedas de pouco mais de dois metros, mas a água cristalina forma um poço irresistível na última queda. Caímos na água.
A maioria curtiu o momento de relaxamento. Até essa cachoeira o grupo seguia junto, mas depois formaram-se vários pelotões. Os mais apressados nem entraram na água. Seguiram sem parar.
O banho nos deu forças para escalar o outro lado da Várzea do Lobo. É uma cansativa subida de sete quilômetros. Subi com o Wilmar e o Nilton Japa e fomos encontrando alguns dos apressados, agora cansados, pelo caminho. Quando parei para fotografar um belo vale que apareceu ao passarmos por uma fazenda, Wilmar se distanciou. Segui com o Nilton. Ele reclamava que estava sem água.
A estrada segue por um chapadão arenoso onde se alternam campos e cerrados. Encontramos A.Pedro descansando embaixo de uma árvore cinco quilômetros antes da BR-070. Ele também estava sem água. Tranquilizei os amigos pois logo chegaríamos num riacho com boa água.
Chegamos na 070 às 13h. Na nossa frente o Pico dos Pireneus.
Seguimos pela estrada sentido sudoeste. Os dois quilômetros de descida até o riacho foram feitos rapidamente. A BR cruza o leito a vau. A.Pedro e Nilton puderam matar a sede. Eu aproveitei a parada para almoçar. Sentei-me dentro do riacho, na sombra da mata, e comi meu atum com pão. Quando os poucos carros passavam pelo rio, uma onda de água fria era lançada sobre nós.
Estava muito bom, mas tivemos que voltar pro pedal. Nilton saiu na frente. Havíamos combinado de parar numa outra cachoeira. Mais à frente, passamos novamente a vau pelo mesmo riacho, que acompanha a estrada por alguns quilômetros e cruza-a duas vezes.
Chegamos no local combinado: Cachoeira do Coqueiro. Um buriti solitário que nasceu no meio do leito, abaixo da cachoeira, dá nome ao local.
As coisas mudaram ali. Agora, pra entrar, tem que pagar. Limparam, cercaram, fizeram passarelas. Nós entramos pelo mesmo lugar de sempre, pelo alto da cachoeira, onde não havia ninguém cobrando.
Nossos amigos não estavam por lá mas nós aproveitamos a cachoeira. Em dias nublados tenho a impressão de que as águas dos riachos ficam mais quentes. Relaxamos por alguns minutos. Sílvio Sá apareceu.
Pra sair da cachoeira e chegar à Estrada dos Pireneus não é fácil. São três quilômetros de subida forte, mas, uma vez na Estrada, fica fácil chegar em Piri.
Chegamos na estrada e seguimos sem parar até o mirante, um local famoso de onde se tem a melhor vista de Pirenópolis.
Dali até Piri é uma descida só. Os carros não conseguem competir com a agilidade das bikes. Todos são ultrapassados numa corrida frenética serra abaixo. São oito quilômetros de adrenalina.
Eu cheguei em Piri às 15h. Os apressados chegaram por volta das 13h, mas perderam o melhor, afinal, o importante não é a chegada, e sim, o caminho.
Encontramos a van numa rua de frente para o Rio das Almas. Os amigos estavam num restaurante onde já tinham almoçado e agora curtiam a tarde tomando cerveja. Nós guardamos as bikes e fomos pro rio tomar um banho. Ir pra Piri pedalando e não tomar banho no Rio das Almas não tem a menor graça.
Pirenópolis estava bem calma. Chovia às vezes e estiava rapidamente. Partimos às 18h. Fizemos ainda uma parada em Cocalzinho para comer mais discos de carne na Distribuidora Oliveira.
Nossa viagem terminou em Águas Claras às 21h.
Parabéns Júnior. Que venham muitos e muitos outros Piriporras, ou qualquer outra porra dessas.
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