Brasília, 19 de janeiro de 2003
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Em um dia de trabalho na Unisys, conversando com o Ricardo Augusto (Baiano) sobre os chatíssimos finais de semana que estava passando em Brasília, hospedado no Garvey Park Hotel, ele comentou que iria, no domingo, fazer rapel no Buraco das Andorinhas e me convidou para acompanhá-lo. Aceitei na hora.
No domingo de manhã, Ricardo passou no hotel. Nosso colega de trabalho, o argentino Carlos Nascimbene, também topou a aventura. Seguimos pela BR-020 até o município de Formosa.
Não entramos na cidade. Continuamos pela 020. Alguns quilômetros depois do povoado Bezerra, uma placa indicava: “Hotel Fazenda Araras”. Entramos na estrada de terra e, logo depois, outra placa indicava: “Buraco das Araras”. Seguimos pelo carreador, passamos pela trilha do Buraco das Araras e chegamos ao final da estrada, em uma porteira. Uma criança saiu da casa próxima e veio nos receber. Cada um pagou dois reais para entrar.
Rochael era o dono da corda e seria nosso instrutor. Pegamos os equipamentos e entramos na trilha de aproximadamente dois quilômetros pelo cerrado. Chegando próximo ao Buraco, o Rochael avisou: “Cuidado aí galera!” Estávamos à beira do abismo. Enquanto o Rochael preparava a corda, amarrando-a numa árvore, chegou um rapaz correndo, de outro grupo, querendo usar o mesmo lugar. Dissemos que ele poderia usar outra árvore ao lado, mas ele queria usar aquela que escolhemos e acabou desistindo de ficar. Pelo jeito, a árvore escolhida pelo Rochael era a melhor.
Depois de armada a corda, começamos as descidas. Rochael nos deu algumas instruções rápidas e desceu. Logo voltou, pela trilha, enquanto sua namorada descia. Eu fui um dos últimos. Enquanto colocava a cadeirinha o coração batia forte. A vontade de desistir era grande. É difícil lidar com estas emoções. A vontade de experimentar o rapel foi maior do que o medo. Me conectei à corda, virei de costas e fui “de ré” em direção à borda. A adrenalina foi lá em cima. A vontade é de sentar na borda e ir devagar, mas não é assim. Você pende seu corpo sobre o nada e vai soltando a corda devagar. Pronto! Agora, sua vida depende dos equipamentos.
Os primeiros dez metros foram com os pés apoiados em uma parede vertical, com 90 graus em relação ao solo. Depois, alcança-se o teto da gruta e, a partir dali, são sessenta metros de rapel negativo, sem apoio na parede. Uma vez pendurado na corda, o medo passa. Daí, é só curtir o rapel, uma experiência fantástica.
No fundo, pedras formam uma escadaria, que dá acesso à lagoa subterrânea. Conforme fomos descendo pelas pedras, a água da lagoa, imóvel e transparente, só foi notada quando molhamos os pés. Uma bela e incrível surpresa.
O Buraco das Andorinhas é uma dolina de colapso, com com pouco menos de cinquenta metros de diâmetro, formada pelo desabamento do teto de uma gruta devido à ação da água sobre o terreno calcário. O processo de formação é o mesmo do Buraco das Araras, que fica a 3,5 km de distância.
O das Araras é bem maior, tem cerca de cem metros de diâmetro.
O nome Andorinhas se deve aos pássaros que vivem no interior da gruta. Dentro do buraco, formou-se um microclima diferente. Bem úmido, com grandes árvores, contrasta com o cerrado da superfície.
Eu só fiz o rapel uma vez. Devia ter descido mais. Voltamos pra Brasília, chegando na Capital por volta do meio-dia.
Local fantástico, próximo a Brasília. Vale muito a pena visitar.