Desafio de Cristal – Parte 2 – Trilha do Templo – 19/04/2015

Rancho Cristaluna, 19 de abril de 2015

https://www.strava.com/activities/289348651

A atividade começou cedo. 5h30 da matina e já estávamos juntando as coisas, fechando os alforjes, pegando os Gatorades congelados na geladeira. Cristóvão logo apareceu. Às 6h30 partimos, sem café da manhã, e deixamos o Rancho Cristaluna pra trás. A neblina cobria a comunidade Rosas de Brasília e o vale do Pamplona.

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Subimos 2 kms pelas estradas da comunidade até a BR-040. Nosso café da manhã foi ali, num local que só serve café da manhã. Perfeito! Café Bonjour. Tocado por uma família gaúcha, o café é caprichado, com sucos variados, geleias, pães, etc. Enchemos o bucho e fizemos sanduíches para o almoço.

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A comilança estava ótima, mas tivemos que voltar pra pista. Pegamos a BR por alguns quilômetros e entramos numa estrada de chão à direita. Pronto, agora teríamos só terra até o final do dia: começou a Trilha do Templo. A estrada de chão segue no sentido de Cristalina, paralela à BR, até chegar no vale no rio Topázio, que descemos pelo meio do cerrado até cruzá-lo sobre uma ponte. O Topázio, rio geralmente cristalino, estava bem cheio e com suas águas barrentas, devido às chuvas dos últimos dias. Cristóvão, começou a parar frequentemente para arrumar seu alforje, que insistia em ficar torto e pegar no pneu. Esse para-segue do alforje continuou por 30 kms!

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Descer até o Topázio foi fácil. A partir do rio, longas subidas até mais ou menos o quilômetro vinte, local que sempre paramos para contemplar o Badé, morro que se destaca na geografia da região. É o Mirante do Badé, como diz o Cristóvão. Até aqui, o pedal rende muito pouco, chega a preocupar.

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Depois da parada, as fazendas voltaram à paisagem. O estrago das últimas chuvas começou a aparecer em erosões nas estradas, e a trepidação acabou vitimando meu bagageiro, que teve uma travessa que dava estabilidade a ele quebrada. Passei a seguir com mais cuidado.

Chegamos na fazenda dos cachorros. Desta vez, um dos cães estava lá, mas só ficou latindo e não nos atacou. Passamos sem problemas. Depois de uma descida em meio ao cerrado, com o Badé à frente, parei para verificar o bagageiro e neste momento um carro passou por mim, com seus passageiros gargalhando. Só entendi o motivo da graça quando olhei para a frente e vi o A.Pedro caído num mata-burro. Felizmente, nada grave.

Já era quase 12h e começamos a procurar um lugar para o almoço. Logo encontramos uma casa com uma boa sombra e paramos ali. Pedimos água aos moradores e conseguimos água geladinha. Entramos no atum com sanduíche. O Cristóvão não quis descansar ali. Resolveu ir para o rio Resfriado e nos esperar por lá. Nós terminamos nosso almoço e até dormimos um pouco na sombra. Depois de uma hora de parada, cães ferozes atacaram o A.Pedro. 🙂 Meia dúzia de filhotes saíram do ninho onde a mãe os protegia e o cercaram.

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Partimos pro Resfriado. Imaginávamos que havia uma serra entre nós e o rio, mas com este novo percurso que mapeei, a serra do Jacu saiu da rota. Assim, em poucos minutos chegamos no Resfriado. Peguei o single até a margem mas a  paisagem estava muito diferente. Alguém abriu a mata ciliar e criou uma rampa de pedras nas duas margens. Um crime ambiental lastimável. Qual o motivo desta agressão? Não sei. Mas imagino que a ponte deve ter caído e fizeram uma travessia a vau. Como estava muito mudado, achei que estava no rio errado. Chamamos o Cristóvão mas ele não apareceu. Continuamos a trilha e logo chegamos na grande represa onde pegamos a estrada à direita. Eu sabia que ali já tínhamos passado do rio. Perguntei a algumas pessoas que pescavam na represa e eles não viram ninguém passar de bike, além de nós. Esperamos um pouco, mas nada do Cristóvão. Decidimos voltar. O A.Pedro ficou no primeiro riacho que passamos. Como eu sabia que ali não era o rio, segui mais um pouco, sozinho, e novamente cheguei no Resfriado. Gritei, assoviei, nada. Desci até a margem e finalmente encontrei o Cristóvão saindo do mato. Quase que ele fica.

Grupo recomposto, retomamos nosso caminho. Como queria pegar água lá na barragem, acelerei um pouco. Pra sair da barragem tem uma subida chata. Pelo meio do milharal o calor era insuportável. Nenhuma brisa nos alcançava. As bacias de contenção estavam cheias de água e transbordavam sobre a estrada, formando enormes poças. No final, uma árvore marca nossa despedida do Badé. Foi a última vez que pudemos vê-lo neste dia. Uma estrada subindo um morro à nossa frente nos ameaçava, mas viramos à direita antes de subí-lo. Mais milho, por todo lado. Hora de fazer mais um desvio do caminho original, desta vez para fugir de uma ponte que estava caindo e de uma fazenda cheia de cães. A primeira parte foi tensa. Passamos por dentro de um pasto cheio de cercas elétricas. Desvia daqui, dali, pula cerca com muito cuidado, ouvindo os ameaçadores estalos da cerca. Até que chegamos numa porteira metálica fechada com cadeado. A primeira pulada de cerca com alforje foi a pior de todas. Além de pesada, a bike fica com seu centro de gravidade na parte de trás. Na primeira tentativa, peguei a bike normalmente, como se estivesse sem alforje. A parte de trás nem levantou. Segunda tentativa, peguei a bike pela parte de trás, aí sim, consegui levantá-la e passá-la por cima da cerca. Do outro lado, Cristóvão e A.Pedro pegaram a bike. Passei as outras duas e voltamos pra estrada. Mais um pouco de estrada e outra porteira fechada. Desta vez o cansaço bateu. Sentamos na cerca e descansamos um pouco.

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Chegamos numa fazenda. O tracklog nos levou diretamente à sede. Porteira fechada e cães nos recepcionaram. Momento de indecisão. O tracklog passava exatamente sobre a casa. Me lembrei que havia uma estrada um pouco antes, à direita. Voltamos e conseguimos contornar a casa. Passamos por um riacho e começamos a subir, mais uma vez, por dentro de lavouras de milho. Agora, a estradinha pelo meio da lavoura, estava mais fechada. Pés de milho cresceram no meio da estrada, que estava cheia de lama.

Quando finalmente saímos da lavoura, estávamos numa estrada cuja subida perdíamos de vista. O sol havia se posto e faltava muito pouco pra escurecer. Cristóvão começou a reconhecer o caminho. Quando chegamos nas florestas de eucalipto, ele sugeriu que entrássemos numa estrada à direita, cujo caminho era bem mais bonito. Naquela hora, eu só queria chegar no posto Ponte Alta e poder descansar, então, continuamos subindo, até chegar, finalmente, na BR-050. Em vez de seguir pela BR, pegamos a estrada paralela pelo meio dos eucaliptos.

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Saímos da floresta próximo do Templo da Ciência. Cristóvão, que já estava sem água, parou para reabastecer.

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Concebido como um monumento à Ciência, o Templo da Ciência foi inaugurado em 2 de fevereiro de 2002 por Paulo Gontijo. O templo estava inserido no que Paulo Gontijo chamou de PG Ville, que além do templo, abriga um posto de gasolina, um restaurante e a área residencial. Idealizado como local para a contemplação e meditação sobre a Ciência, o Templo possui forma octogonal que permitiu a criação de sete painéis externos que representam a Criação do Universo, segundo a Teoria Energética concebida por Paulo Gontijo. A criação de painéis internos destacam 246 renomados cientistas nas áreas de Filosofia, Matemática, Física, Química, Biologia e Religião. Além dos renomados cientistas, existe um painel dedicado a seu criador, Paulo Gontijo, onde estão sua biografia e um sumário de suas obras: Teoria Energética e Teoria da Vida. Em sua cúpula encontramos uma réplica do Sistema Solar e, lateralmente, encontramos boxes destinados à guarda de obras científicas. Projetado para durar mais de 2.000 anos, segundo os cálculos de seu criador, o Templo da Ciência foi construído para suportar abalos sísmicos de até 9 graus na Escala Richter. Poucos meses depois da inalguração da PG Ville, seu idealizador morreu, em junho, e seu túmulo fica ao lado do templo, num grande jazigo. A parte comercial da PG Ville está fechada e sobraram poucas casas. A área foi vendida e está se transformando em lavoura.

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Agora faltava pouco. Voltamos pra estrada, passamos por um praça de pedágio novinha, ainda desativada, mas que logo começará a cobrança. O posto Ponte Alta logo apareceu ao longe. Ver a placa do posto depois de mais de cem quilômetros pedalados durante o dia todo dá um alívio enorme para o corpo e para a alma, mesmo sendo um hotel simples, com comida cara. Terminamos o dia com 105 kms rodados.

Às 18h30 nos hospedamos no hotel do posto. Às 20h nos reunimos no restaurante para o jantar caprichado. Self-service com comida simples, cara, mas com a fome que estávamos, estava ótimo.

Esse segundo dia de pedal foi muito cansativo, dolorido, comprido, e o próximo pode ser pior.

4 comentários sobre “Desafio de Cristal – Parte 2 – Trilha do Templo – 19/04/2015

  1. Pingback: Roteiro de Viagem: Desafio de Cristal | Ser Pedalante

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