Paulo Bertran Wirth Chaibub nasceu em Anápolis em 1948. Formou-se em Economia pela Universidade de Brasília e especializou-se em História na Universidade de Strasbourg – França. Sou admirador do trabalho de Paulo Bertran na área histórica.
Como grande parte dos brasileiros, eu imaginava que a história do Distrito Federal havia começado quando Juscelino Kubitschek decidiu mudar a Capital para o Planalto Central, mas depois de mudar-me para Brasília, descobri que por aqui havia muito mais história.
Há alguns anos deparei-me com o livro História da Terra e do Homem no Planalto Central, de Paulo Bertran. Fiquei fã.
O livro mudou totalmente minha visão sobre o que era o Planalto Central antes de JK, antes de Luís Cruls percorrer estes sertões para delimitar a área onde um dia Brasília seria construída, antes até mesmo de os bandeirantes devassarem estas terras.
Para quem gosta de história e quer conhecer melhor o Planalto Central, leia o livro. Em dezoito capítulos, Bertran relata lendas e mitos, enumera bandeirantes e cientistas que percorreram o interior do Brasil, esmiúça a exploração aurífera, caracteriza o Homo cerratensis, descreve a economia das antigas cidades, relaciona lugares famosos e alguns que estão presentes em documentos históricos mas nunca foram encontrados.
Bertran morreu em Goiânia, em 2005, aos 56 anos, deixando como legado obras de grande valor:
1- Formação econômica de Goiás
2- Uma introdução à história econômica do Centro-Oeste do Brasil
3- Memórias de Niquelândia
4- História de Niquelândia: do Julgado de Traíras ao Lago de Serra da Mesa
5- Notícia geral da capitania de Goías
6- História da Terra e do Homem no Planalto Central: Eco-história do Distrito Federal
7- Cerratenses – poesia
8- Goiás: 1722-2002
9- Cidade de Goiás, patrimônio da humanidade – origens
10- Memorial das Idades do Brasil (em coautoria com Graça Fleury)
11- Palmeiras de Goiás, primeiro século
12- Sertão do Campo Aberto
Em 2003, Paulo e um grupo de amigos criou o Instituto Bertran Fleury, em Brasília. Após seu falecimento, o instituto ganhou sede própria na Cidade de Goiás. Assim nasceu o Memorial Paulo Bertran, museu que guarda parte de sua biblioteca, alguns de seus pertences, objetos, estátuas, etc. Neste espaço realizam-se saraus, workshops, cursos, palestras e outros eventos culturais.
Terminada minha cicloviagem pelo Caminho de Cora Coralina, fui visitar o Memorial Paulo Bertran. Caminhei do centro de Goiás até a sede do instituto no sábado de manhã. Fui atendido por Irene, que gentilmente abriu as portas do lugar para que eu o conhecesse.
Não consegui conversar com sua viúva, Maria das Graças Fleury Curado, mas pelo menos adquiri a versão impressa do livro que tanto admiro.
Além do apreço pela história, Paulo Bertran e eu temos outro ponto em comum: a devoção por Nossa Senhora Aparecida. Seu memorial guarda a coleção de imagens que Bertran reuniu.
Sobre uma das mesas há uma folha de papel emoldurada. Foi nela que Paulo Bertran pediu para ser cremado e escreveu seu epitáfio:
Vivi minha vida e a amei.
Mereci meu povo e o amei.
Aqui jaz um pobre rico homem
Na sua calma amorosa final.
Ao visitar a Cidade de Goiás, conheça o Memorial Paulo Bertran, ele ficam bem próximo ao centro, na Pousada Dona Sinhá, na Rua Padre Arnaldo, 13.