Botucatu, 1º de julho de 2007
por Evandro Torezan
Domingo frio de sol forte e céu azul-anil, dia lindo, perfeito para pedalar pelas trilhas de Botucatu, ainda mais por caminhos inusitados.
Eu estava afim de pedalar pelo menos cem quilômetros, mas a turma não. Sugeri então que fizéssemos um caminho alternativo. Reunimo-nos na catedral: Edu Carrega, Mateus, Vitinho, Tenori, um ciclista de Lençóis Paulista e eu.

Saímos do centro rumo ao Jardim Monte-Mór e pegamos a radical e maravilhosa estrada do Córrego Fundo, que desce a Cuesta passando por belas paisagens. A estrada termina abruptamente numa porteira metálica. Tivemos que pular a porteira e passar rapidamente na frente da casa da fazenda que há logo depois. Os moradores dali não gostam de visitas. Passamos quietinhos, na moita, e cruzamos a ponte sobre o córrego. Entramos na fazenda vizinha e seguimos pela estrada em meio ao pasto, cruzamos mais duas porteiras e entramos num canavial. A estrada era pura areia e ela me pregou uma peça: atolei da areia e não consegui desengatar o pé do pedal, caí de lado bem na frente do fotógrafo de plantão.

A estradinha que segue pelo canavial termina na estrada do Rio Araquá, para onde fomos. Mais descida até a fazenda Santa Maria do Araquá, um dos berços da Cidade de Botucatu. Passamos rápido por lá para não atrapalhar a missa que estava acontecendo.

Dessa vez, não seguimos pelo caminho que costumávamos fazer, passando pelos belos trechos de mata ciliar do Rio Araquá. Em vez disso, seguimos morro acima acompanhando os postes de uma linha elétrica, em meio a mata baixa. No final da trilha, chegamos aos 20 km rodados e fizemos parada para lanchar. Depois, continuamos seguindo morro acima, numa estrada de areia fofa. Foi difícil, mas vencemos a estradinha. No alto, ao lado de uma porteira, pudemos ver a mata do Araquá e o belíssimo vale da Pavuna.

Mas o “morro acima” ainda não havia acabado. Chegamos no pior trecho, subida íngreme ao lado de uma pedreira abandonada. Lá do alto, outra bela vista, mas do outro lado, das imediações do Córrego Fundo, Fazenda Morro Vermelho e Vitoriana. Seguimos pelo meio do canavial até chegar à Fazenda Belo Horizonte. Essa fazenda foi uma grande produtora de café. Suas antigas construções testemunham seu passado rico. Hoje, os terreirões abandonados estão cercados por pastagens e plantações de cana-de-açúcar.
Seguimos rumo a Cataneo Angelo. Passamos por um cafezal antiquíssimo, cujos pés tem cerca de 3 metros de altura (hoje em dia as variedades de café plantadas são de pequeno porte) protegidos por corta-vento de pinus também bem velhos, com troncos grossos. Dalí, já avistávamos o bosque do Cataneo ao longe, às margens da rodovia Marechal Rondon.
Apesar de estarmos na beira da rodovia, não seguimos por ela. Em vez disso, seguimos por uma estrada de terra que segue paralela, rumo ao Bairro da Igualdade. O bairro e a estrada são antigos. A estrada fica em média três metros abaixo do nível do solo. Nessa estrada, tomei o segundo tombo do dia quando fui fazer uma volta bem fechada e o pedal mais uma vez não desengatou. No bairro há uma capela e um barracão para festas. Mais alguns quilômetros e cruzamos a ferrovia. Agora, nosso destino era Toledo.
Cruzamos a Marechal Rondon e começamos a subir para Toledo. Passamos por trechos com muita areia. Cerca de três quilômetros depois, chegamos. Vi a capela do povoado que do alto mais parece um castelo medieval, com sua torre quadrada, cercada por árvores altas e frondosas.

Há um bom tempo queria conhecer Toledo, mas a falta de uma boa sinalização sempre me impediu. Na minha última tentativa fui parar em Monte Alegre. Toledo foi uma importante estação ferroviária no passado, por onde circulavam centenas de pessoas diariamente. Havia muitas fazendas na vizinhança, fazendas de café, com legiões de camponeses oriundos de várias partes do mundo. O comércio mais próximo também era ali, uma velha mercearia que passa de pai pra filho há anos. O local é pitoresco, com a capela, as velhas casas de madeira, a venda, a velha estação que virou moradia e dezenas de vagões abandonados.

A mercearia estava fechada. Edu até pediu pro dono abrir e nos vender algo, mas ele tinha visitas e demorou muito, o que nos fez desistir.

Pegamos a estrada até Rubião Júnior. Esse trecho é bem tranquilo, plano do início ao fim, passando por alguns condomínios de chácaras nas imediações de Rubião Júnior.
Em Rubião nos despedimos de alguns colegas que seguiram rumo ao centro de Botucatu. Eu, Tenori e Mateus seguimos no sentido do Distrito Industrial e de lá para o Jardim Paraíso.
Terminamos o dia com 60 km rodados.
