Brasília, 24 de janeiro de 2009
Águas Claras – Rio Corumbá
“Amigos Pedalantes,
Levei um susto neste sábado, ao retornar do Frita Bacon. Pode até ser mania de perseguição devido a esta onda de roubos que estamos enfrentando, mas fiquei com medo de perder a minha bike.
Acompanhei o pessoal do Frita Bacon, junto com os amigos Alexandre e Dourado, até passar pelo Rio Corumbá. Quando estava com 50 kms rodados, resolvi voltar. Voltei sozinho pela rodovia, pedalando pela contramão pra sempre ver quem vinha à minha frente. Até chegar às obras, no trevo que leva ao Gama, estava tudo bem, mas a partir daí, comecei a me preocupar mais com minha segurança, já que passaria pelo Recanto das Emas / Samambaia. O subidão a perder de vista parecia interminável e minava qualquer esperança de pedalar mais rápido. Pedalava muito atento, pelo acostamento, e quando via qualquer pessoa ou grupo que poderia cruzar, atravessava a pista e ia até a faixa que há do outro lado, à margem do canteiro. Assim, fui tranquilo por um bom tempo, trocando de lado às vezes, até que, quando estava perto do Parque Boca da Mata, um motoqueiro parou cerca de 200m a minha frente. Eu estava do lado direito e atravessei a pista. O sujeito, de capacete fechado e roupa camuflada, olhou pra mim e ficou procurando algo no chão (ou fingindo). Dalí à pouco passa o sujeito novamente, e pára no acostamento um pouco mais perto. Desceu da moto, atravessou a pista correndo e veio ao meu encontro com a mão no bolso. O coração disparou. Pensei que ia perder a minha bike. Olhei rápido pra trás e havia alguns carros vindo, mas deu tempo de atravessar. Desta forma deixei o cara do lado esquerdo, com muitos carros passando entre nós. Ao me ver atravessar, mais uma vez ele começou a procurar algo no chão. Com o restinho de força que me restava e com adrenalina no sangue, acelerei para me distanciar dele. Pois quando eu estava chegando no trevo do Café do Sítio, lá vem o “motoca” novamente. Fiz que ia entrar na alça de acesso e ele também foi, mas ao vê-lo passar, voltei e continuei rumo ao Riacho Fundo. Daí não vi mais o sujeito.
Não sei se foi uma tentativa de assalto ou pura cisma, mas deu pra sentir a sensação horrível que muitos já relataram nesta lista.
O negócio é não pedalar sozinho. O susto foi grande.“
Este e-mail enviado aos amigos do DF, resume o ocorrido. A aventura do final de semana lançou adrenalina nas veias e fez o coração bater forte.
Quando saí de casa rumo ao Rio Corumbá, pensei que seria tudo tranquilo. Saí com o Alexandre, pedalando de Águas Claras, e nos encontramos com o Dourado em Arniqueiras. Dalí seguimos pela BR-060, passando por Taguatinga e Samambaia, até chegar ao Posto Chaves, no entroncamento com a DF-280. Alí nos encontramos com outros ciclistas, do grupo “Ciclismo de Longa Distância”, que estavam organizando este Frita Bacon, alusão às gorduras que seriam queimadas durante o trajeto.
A galera saiu em peso pedalando. Seguimos pela BR-060 rumo a Abadiânia, de onde o grupo seguiria para Pirenópolis. Muitas descidas nos levaram até o Rio Corumbá. Um pouco antes do rio, o Alexandre resolveu voltar. Estávamos com 45 km rodados e meu objetivo era andar no mínimo 100 km neste dia, assim resolvi andar mais um pouco. Passei pelo Corumbá e continuei mais um pouco. Quando cheguei nos 50 km avisei o Dourado que estava voltando e tomei o rumo contrário.
A volta foi sofrida. Muitas subidas depois do Corumbá. Quando passamos de carro nem percebemos o quanto sobe. Fui subindo sem parar, de vez em quando encontrando alguns ciclistas descendo.

Subidas da BR-060
Tudo ia muito bem, até chegar na área urbana. Um pouco antes do posto da PRF fiz uma parada para descansar. Comi uma barrinha, tomei água e respirei, depois de tanta subida. Voltei pro pedal mirando a ladeira que me esperava.
Comecei tranquilo, e lá pela metade o motoqueiro começou a me cercar. Mas consegui escapar dele e cheguei em casa são, salvo e mais ligado do que nunca.
Totalizei os meus 100 km planejados.