Brasília, 22 de fevereiro de 2009.
http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=5597461
Finalmente uma trilha difícil do Rebas do Cerrado apareceu no calendário. Entrei nessa para conhecer a Trilha Salto, apadrinhada pela família Lourenço, dos amigos Anderson e Ronan, que tem um sítio na região conhecida como Ponte Alta. Valderi e Rodrigo Personal Adventure também foram pra trilha. Nos encontramos no ponto zero, que foi num pequeno mercado em frente ao Clube Caiçaras, na DF-290.
O Rebas do Cerrado sempre arrasta multidões e dessa vez não foi diferente. Não contei, mas com certeza havia mais de cem pessoas.

Depois de muitas fotos e algumas recomendações do Anderson e do Edu Burgel, partimos. Foi aquela procissão de bikes que lentamente escoou por uma estradinha de terra ao lado do asfalto da DF-290. Chegando na estrada principal o pelotão foi se espalhando. Eu segui com os amigos, sem pressa.
A trilha começa com muito estradão, pelo núcleo rural Ponte Alta de Cima. Nesse estradão, cruzamos a divisa Distrito Federal / Goiás. Com 7,5 quilômetros de pedal há uma bifurcação, num sítio cercado de eucaliptos. Entramos à esquerda. Mais 1,5 quilômetro e finalmente a diversão começou. Pulamos a cerca e pegamos single tracks.

Esse single segue pelo meio de um campo por alguns quilômetros e depois desce o morro. É uma descida ótima, no meio do cerrado, técnica, com muitas pedras soltas e árvores para desviar.

Numa trilha com tanta gente, quem demora para chegar nesse single pode ter problemas, pois muitos ciclistas iniciantes encaram as trilhas Rebas e acabam fazendo todo o single do morro empurrando a bike. Como eu cheguei cedo por ali, desci sem problemas, com tempo até para fotografar.
São mais de três quilômetros até o pé do morro. Ali, depois de cruzar um pequeno lamaçal criado por uma mina d’água que nasce no morro, descemos por outro single até chegar numa ponte velha, de madeira, quase caindo, mas que ainda conseguia sustentar o peso dos ciclistas. Embaixo dela alojou-se uma colméia de abelhas, por isso, passamos rápido e em silêncio.

Seguimos pela mata ciliar do rio e depois de pedalar um pouco por uma área de eucaliptos recém-plantada, chegamos num empurra-bike que dava medo de ver. Fila de ciclistas já subia o morro, empurrando.

Eu tentei pedalar mas logo a bike derrapou no cascalho e fui obrigado a juntar-me ao grupo que empurrava as bikes morro acima.

No final da subida, no alto, tem-se uma visão panorâmica dos locais que tínhamos acabado de passar. Os ciclistas pareciam formigas, aparecendo aqui e ali nas estradas ao longe.
Pelo alto da chapada seguimos pelo pasto até uma cerca e depois mais estradão, desta vez pelo meio de áreas de cerrado, até chegar ao outro lado da chapada. Lá começou uma descida vertiginosa. Em poucos minutos descemos sete quilômetros, até as proximidades do sítio do Anderson.

O sítio é muito bonito. Passamos pela porteira e seguimos margeando cerrado preservado. A sede do sítio é o ponto de apoio da trilha, onde a família sempre nos recebe com toda a hospitalidade possível. Melancia, banana e laranja para repor as energias e uma ducha agradável para espantar o calor. Quer queijo? Chegue cedo. Anderson fabrica queijos, mas, como a produção é pequena, acaba rápido.


Depois da rápida parada, voltamos ao pedal. Margeamos uma represa, dentro do sítio, e logo chegamos ao Córrego Salto. Descemos o barranco e, dentro do rio, estava Arquimedes, mais conhecido por Aquaman, com sua fantasia de carnaval: monstro aquático com mão esquartejada. Sinistro! Fugimos do monstro, atravessamos o riacho e escalamos o barranco do outro lado. Agora, a trilha era pelo meio do pasto, em singles não muito definidos.

Voltamos para a estrada depois de cruzar um outro pequeno riacho, já bem próximos do morro cujo single descemos no início da trilha. Passamos pelo meio de um setor de chácaras chamado Sítio Novo, cruzamos novamente o Córrego Salto e tomamos o rumo do alto. A estrada, vista ali de baixo, é de desanimar.

Fomos subindo sem pressa, pedalando metro a metro. Do córrego até o alto foram quase 6 quilômetros de estrada com 255 metros de ascensão.
No alto, passamos por alguns tobogãs antes de chegarmos novamente ao sítio dos eucaliptos. Dali, seguimos pelo mesmo estradão da ida. Fiz uma parada exatamente sobre a divisa e, usando o mapa do GPS, tentei ficar com um pé no DF e outro em Goiás, mas nunca saberei se consegui fazê-lo. Pelo mapa do GPS, sim, mas, conferindo posteriormente, cada mapa marca a divisa em local diferente. O limite sul do DF é uma linha imaginária, o paralelo 16º03’S, o que torna sua identificação correta difícil.

Assim completei a Trilha Salto, 42 quilômetros com 556 metros de ascensão.
Belas paisagens de paz e liberdade nas mãos da natureza e de quem a ama e respeita desportivamente. Parabéns. Abraço desportivo. Saúde!
CurtirCurtido por 1 pessoa